TEORIA E PRÁTICA
Valter Pereira Francisco Filho, professor da disciplina de Gestão de Custos da FAE Centro Universitário, explica que para implantar o delivery deve-se optar por uma destas duas estratégias: se deseja lucrar com a entrega ou só custeá-la.
“Se não quero ganhar com a entrega, vou me basear apenas em cima do custo que se tem para o trabalho do terceirizado, por exemplo. A outra situação é se o comerciante, por exemplo, tem estrutura própria e quer lucrar com a entrega. Se está construindo uma frota de motos ou alguma outra forma de entrega e quer ganhar em cima dessa estrutura, aí ficará um pouco mais caro o preço final. É preciso saber qual é a estratégia do empreendedor e em cima disso se constrói a precificação”, orienta o especialista.
VEÍCULO PRÓPRIO
Para quem está começando, tem um pequeno comércio e um fluxo médio a grande de entregas, fazer o delivery com o veículo próprio, mesmo que seja moto ou bicicleta (que representam custos menores), pode trazer inconvenientes.
Se a equipe de trabalho é reduzida, ao tirar uma pessoa para levar o produto ao consumidor, limita-se a capacidade interna de preparo de alimentos, por exemplo, e consequentemente a oferta de entregas. Terceirizar, portanto, pode ser mais barato e funcional.
Pensar na entrega com veículo próprio pode ser mais estratégico para empreendedores maiores e com maior capacidade de investimento. Para quem tem um comércio de alto giro, criar sua própria equipe de entregadores pode agregar valor em qualidade de atendimento e entrega do produto. Se for esse o caso, para precificar deve-se calcular:
Sempre acrescente ao custo a variável "imprevisto". Com frota própria, é preciso ter seguro para os veículos e também para a equipe de condutores.
ANTES DE ANUNCIAR O DELIVERY, VERIFIQUE:
Independentemente do modelo de delivery, é preciso considerar a abrangência da área a ser atendida. É preciso lembrar que cada entrega levará um tempo específico, por isso, calcule o tempo de entrega com base na distância e no fluxo de trânsito na região a fim de evitar prejuízos.
A sugestão é buscar programas ou aplicativos que ajudem a calcular a distância versus o preço da quilometragem. No recurso Rota, do Google Maps, por exemplo, você pode calcular a distância do seu negócio até a rua mais longe e o tempo de deslocamento.
Outro item fundamental é o combustível. Uma sugestão é zerar o hodômetro, abastecer o tanque e percorrer as distâncias. Assim, você terá ideia do custo médio.
Para calcular os custos do delivery, também é preciso pensar se o preço será único ou por quilometragem. O preço único pode ajudar a desburocratizar o processo, contudo, se as distâncias forem maiores e a precificação menor, pode haver prejuízo. Por isso, todo cuidado antes de lançar essa facilidade para o cliente/consumidor é fundamental e básico para o negócio.
Não basta calcular os custos embutidos apenas do negócio em si, deve-se também pesquisar o preço do delivery praticado pelos outros estabelecimentos da região. Uma sugestão é fazer uma pesquisa com seus próprios clientes, veja se eles estão satisfeitos com seu serviço e aproveite para perguntar de quem eles também compram.
Em seguida, faça o teste: peça delivery do seu concorrente, verifique o tempo da entrega, quanto ele cobra por ela e ainda se o produto chega em perfeito estado. É uma pesquisa simples e que certamente vai ajudar a mapear seu mercado e as preferências do seu cliente.
Entrega grátis: sim ou não?
O professor Valter Francisco Filho diz que, para saber se vale a pena gratificar a entrega, dependerá do segmento e da margem de lucro: “O ideal em termos de canais de distribuição ou tratamento de cliente é o frete grátis, mas só se houver uma margem maior de lucro. O frete grátis é uma estratégia, uma forma de você oferecer um valor agregado ao cliente”.
DICA DE OURO: Tenha sempre o Código de Defesa do Consumidor no estabelecimento. É preciso estar ciente dos cuidados necessários para evitar práticas abusivas, como custo muito alto para as entregas e avarias nos produtos.