PICOLÉ DE COXINHA? TEM SIM!

Observação, necessidade e criatividade. Pode não ter sido nessa ordem, mas foi com essas habilidades e condição que Érika Andreza Conceição Oliveira, de 43 anos, decidiu investir R$ 209,00 emprestados da filha para testar uma receita que mudaria sua vida em pouco mais de um ano. Érika criou o picolé de coxinha, que virou sensação em praias da Bahia.

Tudo começou quando a renda da família caiu muito com a suspensão do calendário escolar na pandemia, em 2020.  “A fábrica de figurinhas do meu marido sofreu muito nessa fase. E, como moramos perto da praia, percebi que o acarajé era uma das poucas comidas oferecidas”, conta. Foi o suficiente para ela entender que ali estava uma oportunidade de mercado, bem perto de casa.

A opção foi por um salgado, do mesmo tamanho do acarajé, mas com um toque diferente: a coxinha, que é unanimidade entre os brasileiros. O formato, no palito, foi o diferencial.

Érika, então, testou diversas receitas que conseguiu na internet, perdeu várias noites de sono e, em outubro de 2020, começou a vender os picolés na praia Villas do Atlântico, em Lauro de Freitas, ao norte de Salvador (BA).

Um dos desafios foi pessoal 

Apesar de ter experiência anterior em uma padaria da família, trabalhar como ambulante foi uma superação para a empreendedora. “Não queria sair do carro! Coloquei uma roupa fechada, boné e óculos que tampavam todo o meu rosto, no primeiro dia. Demorei até tomar coragem e abordar as pessoas”, relembra.

A receptividade e os elogios dos clientes fizeram tudo mudar. Érika e a filha, Nicole Josefa Oliveira Almeida, de 24 anos, venderam nesse dia 25 dos 28 picolés produzidos. O estoque só não zerou porque alguns quebraram no transporte dentro do isopor.

Diversificar e crescer

Novidade bem recebida na praia, o passo seguinte foi avançar mais, atendendo a sugestões de clientes, com novos sabores e tamanhos P e M do produto, além da opção G de quando tudo começou.

A empresa hoje conta com mãe, filha e uma funcionária na equipe, vende até 700 unidades/mês e fatura cerca de R$ 8 mil no período. É das areias da Villas do Atlântico que vêm 70% do faturamento e, de lá, Érika e Nicole estão ampliando o negócio, atendendo encomendas para festas e eventos e por delivery, com entregas na região.

Atenção aos detalhes

Desafio do produto -  estruturar a massa de coxinha em forma de picolé no palito exigiu paciência, persistência e meses de testes

Tempero certo - coentro e Bahia combinam, mas coentro e turistas não. A solução foi amenizar o sabor do tempero e agradar a todos

Higiene - os cuidados preventivos de segurança alimentar, que Érika já conhecia, foram aprimorados e são muitos os elogios dos clientes por isso

Estudo e preparo - "cursos gratuitos na internet, vídeos e suporte do Sebrae são importantes para quem quer começar", defende ela. Importante também é saber precificar e acompanhar os gastos

Coxinha nas datas festivas

Isso mesmo! Paixão nacional, a coxinha de Érika virou opção para datas especiais, com a receita adaptada para diversas ocasiões.

Na Páscoa, saem ovos de coxinha; no Dia das Mães, ganha também formato de coração; no Natal, o picolé ajuda até a criar árvore decorada de coxinhas.

Já os recheios integram as atrações, com mais elementos da cultura baiana, como frutos do mar, peixes e carne-seca.

Planos para o futuro

Depois de fazer sucesso com a venda direta, Nicole estrutura um plano de expansão para o negócio da família. “A partir de abril, teremos dois carrinhos para venda na praia com picolés fritos na hora. O objetivo é encher a praia e aumentar as vendas em pelo menos 50%”, planeja.

Além disso, a família também busca parcerias para vender o picolé de coxinha em feiras e eventos.

Dicas para começar

• Não desista! Seja persistente
• Teste pequenas quantidades para reduzir perdas
• Cuide da higiene sempre, com as normas da vigilância sanitária e uso de uniformes
• Controle e catalogue toda a produção por lotes
• Mantenha os pés no chão, foque o objetivo e avance aos poucos

Raio X do Picolé de Coxinha

Preços: entre R$ 2,00 e R$ 8,00

Tamanhos: P (45 g), M (85 g) e G (120 g)

Sabores: frango, queijo, calabresa e sertanejo

Modelo de negócio: venda ambulante, delivery e encomendas

Local: praia Villas do Atlântico, em Lauro de Freitas, ao norte de Salvador (BA)

Horários: todos os dias, a partir das 11h

@picoledecoxinha.salvador