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NUTRIÇÃO EMOCIONAL

A nutrição emocional é extremamente necessária na infância, quando as crianças estão formando as emoções e os sentimentos que levarão ao longo da vida

Como está a nutrição emocional dos seus filhos, sobrinhos ou crianças à sua volta?

Em tempos de isolamento social e pandemia, sem escola e amigos para brincar, muitas vezes, sem notar, os adultos podem acabar deixando a criança de lado, sem oferecer o que ela precisa emocionalmente, que é a atenção, o carinho e a comunicação afetiva. E isso pode interferir muito no comportamento até a vida adulta.

Para a psicóloga clínica, especialista em Psicologia Hospitalar e da Saúde, e mestre em Ensino nas Ciências da Saúde, Araiê Prado Berger, a nutrição emocional está diretamente correlacionada ao vínculo adquirido − inicialmente entre o cuidador principal e o bebê, logo após o nascimento, e, posteriormente, com terceiros (pais, avós etc.).

“Quando o bebê sente fome, cólica, chora e balbucia, a resposta cria marcas no desenvolvimento de sua memória que podem ser de afeto seguro, de excessiva necessidade de afeto, de dificuldade em estabelecer vínculos significativos ou ainda desorganizados, e essas características adquiridas na infância têm reflexos diretos em seus relacionamentos na vida adulta”, explica a psicóloga.

OLHO NO OLHO

Ela ressalta que as crianças pedem relações olho no olho. O “estar presente” é o ponto máximo da nutrição emocional. Porém, ao longo do desenvolvimento, a criança precisa também de uma certa dose de frustrações para que entenda que há limites e não desenvolva uma ansiedade de separação muito intensa.

Há momentos em que os cuidadores principais estão presentes e em outros, ausentes. Esse movimento, ocorrendo de forma saudável, gera um apego seguro. E como perceber se a criança está emocionalmente nutrida?

De acordo com Araiê, geralmente essa avaliação é feita observando o comportamento enquanto as crianças estabelecem contato com os cuidadores principais (a criança se sente à vontade, saciada de atenção?), contato com terceiros (ela se sente à vontade ou estranha e pede os cuidadores principais?) ou quando está sozinha (a criança brinca e se entretém com seu próprio mundo ou chora pedindo atenção?). Respondendo essas perguntas, pode-se perceber se a criança está bem ou se ocorre alguma falta. 

DESNUTRIÇÃO EMOCIONAL

As crianças, segundo a psicóloga, precisam ser olhadas, alimentadas, ter contato físico confortável e se sentirem amadas. Quando os cuidadores principais, devido a alguma limitação, não podem dar o suporte necessário às necessidades básicas dos pequenos, isso pode provocar diversos sintomas.

“O primeiro e o mais importante deles é a regressão emocional, ou seja, a criança readquire características presentes em momentos anteriores ao desenvolvimento”, analisa a psicóloga.

Ela enumera exemplos: “A criança que já desfraldou recomeça o ciclo de urinar na cama. Outros comportamentos também estão presentes, como: alto grau de emocionalidade em situações básicas de separação, atitudes agressivas ou recusa do contato físico e/ou emocional com a mãe”.

COMO DAR NUTRIÇÃO EMOCIONAL ÀS CRIANÇAS?

Araiê orienta que principalmente o “olho no olho” é a situação que melhor nutre, quando o cuidador principal está presente no desejo da criança.

Outras dicas da psicóloga:

- Sentar no chão e brincar junto

- Ler histórias antes de dormir

- Responder os questionamentos dentro da etapa cognitiva

- Conversar com a criança independentemente da fase do desenvolvimento

- Estimular talentos e habilidades

É importante ressaltar que dar nutrição emocional não significa estar presente em 100% do tempo e nem atender a todas as solicitações e desejos da criança. É preciso equilíbrio para que, aos poucos, seu egocentrismo, instância psíquica própria da infância, dê lugar às noções de alteridade e sociabilidade.

VEJA EM QUE FASE DA INFÂNCIA SUA CRIANÇA ESTÁ

0 a 2 anos

Amamentação, nutrição via mamadeira, conversar com o bebê olhando nos olhos, colo, contato físico e estímulos físicos para engatinhar, ficar de pé e andar.

 

2 a 6 anos

Estimular os cinco sentidos, brincadeiras de “faz de conta”, música, parquinho e desenho. Ensinar a criança, ainda com noções egocêntricas, a dividir sua comida e seus brinquedos e, por consequência, a iniciar processos de perceber o outro e empatia.

Responder as perguntas filosóficas com metáforas que esclareçam pontos mais subjetivos e elucidar questões práticas do dia a dia com exemplos do que se espera dela em determinadas situações.

Ao invés de só dizer “não”, explique o que seria o mais adequado para a situação em questão. Noções de limites são compreendidas como contorno emocional para crianças.

 

+ 6 anos

Dar noções de autoaceitação, de convivência social (a escola e suas relações desempenham um papel vital nessa fase, porém, no momento não temos essa colaboração), auxiliar nas tarefas escolares, envolvê-las nas tarefas e rotina diárias, estimular atividades físicas e desenvolvimento de talentos em atividades extraclasse à escolha da criança. 

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