A VERSATILIDADE DO PASTEL

Com sabores, formatos e acompanhamentos variados e até curiosos, um dos lanches mais populares do Brasil faz sucesso em feiras e mercados de norte a sul

Se hoje ele é vendido em lanchonetes, padarias, carrinhos de rua, restaurantes, praias e, claro, pastelarias, o pastel ficou popular por causa das feiras livres.

Nelas, o tradicional lanche feito de massa frita com recheio pode ser o café da manhã de quem acorda cedo ou uma forma de matar a fome depois da balada.

No Brasil, a origem do pastel é incerta, mas a história mais conhecida e aceita é que ele foi inspirado em iguarias asiáticas, como o gyoza (pastelzinho cozido no vapor) e o rolinho primavera (feito com massa frita de arroz).

De qualquer maneira, trata-se de uma verdadeira experiência gastronômica que tem a cara do Brasil, com formatos, recheios e hábitos de consumo diferentes – e é justamente essa versatilidade que faz com que o pastel seja tão apreciado Brasil afora.
 

Norte

Tacacá, bacuri, pirarucu ou pato com jambu, tucumã, cupuaçu, camarão empanado e carne-seca são alguns sabores de pastel consumidos nos estados do Norte.

Isso porque, na região, há uma diversidade de frutos exóticos e hábitos de povos indígenas capazes de enriquecer a experiência culinária, especialmente para quem gosta da cozinha local,e com esse lanche de massa fina e frita não poderia ser diferente.

No tradicional Festival de Parintins (AM), no Mercado Ver-o-Peso (PA) e em grandes feiras de artesanato que acontecem na região, é possível encontrar uma diversidade de sabores e misturas inusitadas.

Muitas vezes, o pastel ganha a companhia de sucos de frutas locais, como açaí, taperebá e graviola, o que torna a experiência ainda mais autêntica.

Nordeste

A cozinha nordestina, vibrante e cheia de sabor, reflete diretamente na forma como o pastel é consumido. Inspirados em ingredientes locais, os recheios de carne de sol com queijo coalho, camarão com dendê, vatapá, acarajé, baião de dois, bacalhau e bolo de rolo são representações fiéis da culinária da região.

Mas o destaque fica por conta do pastel de festa pernambucano que, de forma surpreendente (e saborosa), é recheado com carne (normalmente moída) e coberto com açúcar. O sabor inusitado surgiu durante as festas de fim de ano.

A ideia era aproveitar as sobras de carne do Natal e dar uma nova roupagem para o Ano-Novo, acrescentando um toque doce para celebrar o Réveillon.

 Centro-Oeste

Nas feiras e nos mercados populares de cidades como Goiânia, Cuiabá e Brasília, o pastel é amplamente consumido e apreciado. Na capital federal, por exemplo, há pastelarias tradicionais que nasceram junto com a cidade na década de 1960 e já receberam visitantes ilustres, como o próprio Presidente Juscelino Kubitschek.

Nos outros estados, os sabores do Cerrado e as comidas típicas do Centro-Oeste aparecem em recheios inusitados. É o caso do pequi, um verdadeiro símbolo da cultura regional, e da guariroba, uma espécie de palmito nativo.

Além dos alimentos típicos, o popular empadão goiano também já virou recheio de pastel com sua rica união de frango, palmito, azeitona, linguiça, ovo, queijo e muito tempero.

Sudeste

Pastel com caldo de cana é um dos lanches preferidos dos moradores dos estados do Sudeste. O tradicional pastel de feira é praticamente uma unanimidade e uma instituição cultural da região.

Os recheios clássicos são queijo, carne, frango com catupiry, palmito e pizza, mas existem versões gourmet e doces, também imperdíveis.

Em Minas Gerais, destacam-se os sabores locais – queijo minas, linguiça de Formiga (cidade do interior mineiro) e até goiabada fazem sucesso como recheio de pastel.

Já nas cidades grandes da região, como São Paulo (SP), há pastéis enormes e até rodízios no sistema self-service, em que o cliente monta seu pastel de acordo com os gostos pessoais.

Sul

Foi em uma feira livre de Curitiba (PR) que surgiu o pastel em formato de capivara, iguaria que viralizou nas redes sociais no segundo semestre de 2021. O nome "Capistel" vem do formato, que foi criado por uma feirante para chamar a atenção dos clientes ainda durante a pandemia e, assim, aumentar as vendas.

Quanto aos toques regionais, no Sul, o queijo colonial vai para dentro do pastel junto com temperos robustos, como pimentas e ervas. Entre os recheios curiosos, também aparecem a linguiça e o pinhão, tradicionais na região com seus sabores marcantes.

Por causa do clima mais frio, o chimarrão pode ser um bom acompanhamento para criar uma experiência única.