SORRISO PARA VENDER (E QUE VALE DESCONTO)
Vendedora ambulante do litoral paulista vende doces mais baratos para quem sorrir; promoções são anunciadas em placas de papelão
Mãe de um adolescente e morando de aluguel, Bruna Correia da Silva perdeu o emprego como ajudante de cozinha no começo da pandemia de Covid-19, o que comprometeu as finanças da família.
Devido ao período difícil que o mundo atravessava, conseguir um novo emprego não estava fácil. A opção foi, então, empreender. Mas a ideia só surgiu depois que ela participou de uma gincana da igreja que frequenta – para arrecadar fundos, foi vender água no semáforo.
O sucesso das vendas foi tanto que a empreendedora decidiu transformar o trabalho voluntário em profissão – comprou uma caixa de balas e foi vender nas ruas de Guarujá (SP), onde vive com o filho e o marido.
“Acabei pegando gosto de empreender e de trabalhar no semáforo”, conta. Hoje, essa é sua principal fonte de renda.
O sucesso das vendas foi tanto que a empreendedora decidiu transformar o trabalho voluntário em profissão – comprou uma caixa de balas e foi vender nas ruas de Guarujá (SP).
MARKETING FUNCIONAL
Ainda no começo da jornada como vendedora ambulante, Bruna viu um vídeo nas redes sociais que trouxe inspiração. Nele, um empreendedor oferecia paçoca com desconto para quem desse um sorriso.
A moradora do litoral paulista replicou a ideia do “sorriso para vender” e, segundo ela, o sucesso foi imediato: “O que engajou minhas vendas foram as plaquinhas. Escrevi em um papelão: 'Paçoca 5 reais, mas se você sorrir, eu faço a 1 real'. Muitas pessoas sorriam para mim, algumas me davam o dinheiro, mas não queriam levar o produto. Já aconteceu de alguém estar triste e sorrir depois de ler a placa e isso é gratificante”.
Posteriormente, outras ideias surgiram. Bruna criou, então, novas placas: “A jujuba é 100 reais, mas se você der um sorriso, eu te dou 99 de desconto” e “Nunca desista do seu sonho, mesmo que ele seja uma serenata”, além de uma camiseta com o desconto da paçoca.
A ambulante conta que, com a plaquinha, vende em torno de quatro caixas de paçoca em três horas de trabalho, o que é um ótimo resultado, segundo ela.
FAÇA CHUVA OU FAÇA SOL
Atualmente, a vendedora trabalha com jujuba, paçoca, chocolate e chup-chup (conhecido também como sacolé e geladinho).
“No verão, eu vendo muito chup-chup. Já tenho alguns clientes fixos e muitos passam aqui com a expectativa de se refrescar. Quando o clima está mais fresco, vendo bombom. Tudo depende, também, do preço que eu consigo pagar nos produtos, já fiz promoção de paçoca por 50 centavos porque consegui comprar num preço ótimo. Quanto mais barato, melhor”, revela.
Nas redes sociais, Bruna compartilha sua rotina como vendedora ambulante e dá dicas de empreendedorismo para os seguidores em vídeos divertidos. Ela trabalha no semáforo de segunda a sexta e só vai embora depois que consegue atingir a meta do dia.
Persistente e esperançosa, ela conta: “Faça chuva ou faça sol, quando eu quero alguma coisa, eu vou até o fim”.
Palavra de especialista
Regina Monge, especialista em Marketing e Marcas e Fundadora da Neurobranding Lab, explica que a estratégia de Bruna une criatividade e emoção, transformando a compra em uma experiência divertida e agradável.
“Quando uma mensagem pede um sorriso para vender em troca de um desconto, ativa emoções positivas no consumidor, como prazer e satisfação. Isso acontece porque o ato de sorrir estimula o cérebro a liberar substâncias que nos fazem sentir bem”, diz.
Além disso, ao criar um vínculo emocional, a vendedora se diferencia dos concorrentes.
Confira algumas dicas da especialista para usar a criatividade e vender mais:
Quebrar padrões – A criatividade atrai olhares, desperta a curiosidade e incentiva as pessoas a interagirem. Isso acontece porque nosso cérebro é naturalmente atraído por novidades.
Oferecer uma boa experiência – Quando alguém nos oferece algo positivo, sentimos vontade de retribuir como forma de agradecimento pela experiência. Neste caso, a dica é: sorria.
Humanizar a relação – As placas tornam a compra mais pessoal e emocional, levando o cliente a decidir com base em sentimentos, e não apenas no preço ou na necessidade.
AMBIENTE DIGITAL
As redes sociais são essenciais para empreendedores, de acordo com Regina, porque ajudam a gerar reconhecimento e sensação de afinidade: “Quando o público assiste aos vídeos, conhece quem está por trás do negócio. Essa conexão emocional é poderosa e faz as pessoas quererem apoiar, seja comprando ou recomendando para outras pessoas”.
A especialista finaliza dizendo que “além disso, vídeos leves e divertidos têm maior chance de serem compartilhados, o que amplia o alcance e atrai novos potenciais clientes. Mesmo que não se transformem em vendas no curto prazo, eles ajudam a construir uma presença digital que pode converter seguidores em compradores mais à frente”.
“O que engajou minhas
vendas foram as plaquinhas.
Escrevi em um papelão:
'Paçoca 5 reais, mas se você
sorrir, eu faço a 1 real'.
Já aconteceu de alguém estar
triste e sorrir depois de ler a placa
e isso é gratificante”
Bruna Correia da Silva, vendedora ambulante