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Padeira de 91 anos cria negócio de coxinhas

Outubro / Novembro 2020 EDIÇÃO 41

por Katia Kreutz / Fotos: © Luca Fotografias

Vovó Loca se reinventa no mercado de trabalho com suas coxinhas

Padeira de 91 anos cria negócio de coxinhas e já soma mais de 60 mil seguidores nas redes sociais, dando provas de disposição da terceira idade no mercado de trabalho.

A história da mineira Fabíola Maia, também conhecida como “Vovó Loca” (pronuncia-se "Lóca"), é cheia de disposição, energia e muitas reviravoltas. Ao lado de suas netas, Bárbara e Brenda, ela conseguiu criar um bem-sucedido negócio de salgados por encomenda, mesmo aos 91 anos e em meio à pandemia.

O trabalho de “quitandeira”, como é chamado o ofício de dona Fabíola em sua cidade natal, Morro do Pilar/MG, teve início ainda na sua juventude. “Comecei a cozinhar desde muito nova, quando perdi minha mãe e fui morar na casa da minha madrinha”, lembra. “Aos quinze anos, passei a fazer pães, que um dos filhos da minha madrinha vendia na vizinhança. Com vinte anos, quando me casei, já era a padeira oficial da cidade”, completa Fabíola.

Os filhos foram nascendo e ela continuou vendendo seus produtos. “Não tinha um estabelecimento, vendia tudo de casa mesmo”, conta Bárbara Maia, de 32 anos, neta de Vovó Loca. “Os preparos eram feitos de maneira artesanal, simples, conforme as condições permitiam. Ela conta para nós que usava um cilindro de madeira e um forno a lenha. Assim, minha avó vendeu pães, salgados e bolos na cidade por mais de cinquenta anos”, revela. 

Vovó Loca faz questão de enviar um bilhete escrito à mão com um agradecimento e instruções de preparo em cada uma das entregas.

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Vovó empreendedora

Em janeiro de 2020, ao completar 91 anos – com 14 filhos, 20 netos e uma bisneta recém-nascida –, boa parte da família acreditava que já era o momento da idosa parar definitivamente com a produção de pães e salgados. Porém, ficar parada não agradava Fabíola, que enxergava na atividade um grande ânimo para a vida. “Ela nunca quis saber de descanso. Até chegou a interromper temporariamente seus trabalhos como padeira na década de 90, na época em que as grandes padarias chegaram a Morro do Pilar”, diz Bárbara. “Ela percebeu que não teria condições de competir, já que as empresas produziam em larga escala e com preços mais baratos do que seus pães artesanais. Mas mesmo assim ela não desistiu; apenas se adaptou”, explica a neta.

Na época, a solução que dona Loca encontrou foi partir para a produção de coxinhas e outros salgados, que começou a vender para festas, além de bolos de casamento para as pessoas da cidade. “Ela produzia uma diversidade de produtos. Seu gosto por fazer comida surgiu da necessidade, mas hoje ela ama ter a casa cheia e cozinhar para a família”, completa Bárbara, recordando os pratos “clássicos” feitos pela avó em ocasiões especiais, como a leitoa e a farofa de Natal. “Minha família é muito grande, então qualquer reunião se torna uma festa”, conta.

No entanto, no início de 2020, Fabíola não estava mais fazendo salgados, bolos e pães trançados para vender. Após ficar viúva, com seus filhos morando em Belo Horizonte, a família ficou preocupada com a saúde e o bem-estar de dona Loca e passou a insistir para que ela também fosse morar na capital do estado. Desde então, o ritmo de produção se reduziu bastante. Fabíola, por outro lado, desejava voltar a preencher o tempo fazendo seus quitutes para venda.

Nessa época, entretanto, a saudável Vovó Loca, que raramente necessita de cuidados de saúde, tão comuns na terceira idade, precisou ser internada e passou 20 dias no hospital por causa de uma pancreatite. “Naquele momento, minhas tias questionaram o desejo dela de continuar trabalhando: ‘por que mexer com coxinhas de novo é arrumar dor de cabeça’. Mas ela estava com essa ideia fixa e resolveu procurar as netas”, lembra Bárbara que, junto com a irmã Brenda, “abraçou” os planos da avó. Assim que Fabíola se recuperou, começou a colocar seu objetivo em ação – objetivo esse que teria um desdobramento incrivelmente maior do que ela imaginava.

A disposição da terceira idade e a parceria com a nova geração: Dona Loca conta com as netas Bárbara e Brenda para continuar no mercado de trabalho, exercitando sua paixão pela cozinha.

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A coxinha que viralizou

Quando dona Loca saiu do hospital, no final de março deste ano, a quarentena no Brasil percorria suas primeiras semanas. No entanto, mesmo isolada em casa, ela manteve os planos de voltar a cozinhar. Devido ao isolamento, Bárbara, que é fotógrafa, costumava tirar fotos da avó em seu dia a dia, para manter a família atualizada. “Um dia, minha irmã foi visitá-la e pediu a ela que a ensinasse a fazer uma rosca. Eu fotografei e postamos nas redes sociais – imediatamente, as pessoas começaram e perguntar por que minha avó não vendia seus quitutes. Um grande número de pessoas dizia que, se ela vendesse, comprariam. Esse foi o ‘gatilho”, comenta a neta.

Em um final de semana, dona Loca foi para a casa de uma de suas filhas, fez 400 coxinhas e as congelou. Em seguida, procurou as netas para que a ajudassem a vender os salgados. O plano era aproveitar a internet, além de indicações de amigos e conhecidos, para fazer toda a divulgação. A conexão entre as gerações deu muito certo – elas venderam não só 400, mas 500 coxinhas. “Foi preciso correr para fazer mais”, recorda Fabíola.

Dando continuidade ao plano de apoiar o empreendimento da avó, Bárbara e Brenda montaram uma página no Instagram para divulgar a venda dos salgados, e passaram a postar fotos e também vídeos mostrando a padeira produzindo os quitutes, sempre cantarolando, como de costume.  Foi naquele momento, ainda no início da pandemia, que surgiu a Coxinha da Vovó Loca – o apelido que dá nome ao negócio veio de um diminutivo de seu nome. “Desde menina, meus irmãos me puseram o nome de Biloca e diversas pessoas  me chamavam assim. Na minha cidade, ninguém me conhecia como Fabíola. Agora, sou a ‘Vovó Loca’”, afirma.

Mas a grande reviravolta em seu pequeno e recém-inaugurado empreendimento se deu quando outra neta, Mariana Maia, que produz conteúdo para a internet e soma milhares de seguidores em suas redes sociais, postou em seu  Twitter uma foto da avó com um texto divulgando a produção.

Mariana ajudou a fazer com que o Instagram da Coxinha da Vovó Loca passasse de algumas centenas de seguidores para milhares – hoje já são mais de 60 mil! “Meu celular começou a tocar e não parava mais. Pensei: ‘Uai, o que está acontecendo?’. Foi quando vi a postagem da minha prima, que já tinha cerca de 200 curtidas e hoje está com mais de 200 mil”, destaca Bárbara. Para as netas, o sabor e a qualidade das coxinhas ajudaram muito a impulsionar as vendas, mas o carisma da experiente padeira e salgadeira foi o que fez a diferença.

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