Curiosidades
A evolução do formato dos campeonatos nacionais
Da Taça Brasil até chegar no atual formato do Brasileirão, por pontos corridos, percorremos um longo caminho. Reunimos aqui as principais fórmulas de disputa e algumas bizarrices
O Brasileirão Assaí é considerado hoje um dos torneios nacionais mais fortes e disputados do mundo – a IFFHS, uma entidade de estatística de futebol sediada na Suíça, colocou a competição na terceira colocação do seu ranking, só atrás dos Campeonatos Inglês e Italiano.
O final da última edição, com o grande vencedor conhecido apenas na última rodada, é a prova viva de que nosso campeonato não deve nada em emoção às principais ligas do mundo. Mas nem sempre foi assim. Lá atrás, era bem difícil explicar como o campeão brasileiro chegava até a taça.
Faremos a seguir uma viagem no tempo, recordando as principais mudanças na fórmula de disputa e algumas curiosidades das edições passadas do Brasileirão:
O começo de tudo
O Campeonato Brasileiro, com esse nome mesmo e organizado pela principal entidade esportiva do país (naquela época a CBD), foi criado em 1971. Curiosamente nos 31 anos seguintes, o principal torneio de futebol nunca repetiu a mesma fórmula de disputa.
Nesta primeira edição, com 20 clubes, o vencedor foi conhecido após três fases. Na última delas, o campeão saiu de um triangular disputado entre Atlético Mineiro, Botafogo e São Paulo (o Galo venceu os dois rivais e levantou o troféu).
No ano seguinte, já com 26 participantes, tivemos a primeira final com cara de final: em jogo único, Palmeiras e Botafogo empataram em zero a zero e o Verdão foi declarado campeão por ter acumulado mais pontos durante as fases classificatórias. O número de participantes também variou bastante ao longo do tempo, chegando a quase 100 clubes (94) em 1976 e com apenas 16 em 1987.
Torcida vale ponto
Entre os regulamentos mais bizarros, podemos destacar o de 1974, quando dois clubes com a maior média de renda obtida pela venda de ingressos passavam para a segunda fase do campeonato ao lado dos 22 melhores entre os 40 participantes. Os beneficiados pela regra foram Fluminense e o Nacional do Amazonas – o Vasco da Gama sagrou-se campeão naquele ano. Por falar em regras meio malucas, entre 1975 e 1978 quem vencesse por dois ou mais gols somava três pontos na tabela (naquela época as vitórias valiam apenas dois).
Empate é pênalti
Em 1988, o Brasileirão chamava-se Copa União e tinha um regulamento, digamos, emocionante. Na fase classificatória, quem vencesse o jogo depois dos 90 minutos levava os tradicionais três pontos. Em caso de empate, a partida era decidida nos pênaltis. O vencedor dessa disputa ficava com dois pontos e o perdedor com apenas um (quem fosse derrotado no tempo normal não levava nada). Com a tal fórmula, foram cobradas 1033 penalidades, sendo 763 delas convertidas e 270 desperdiçadas.
Divisão é só um detalhe
Em 1981, com a criação da Taça de Prata (o nome da Série B naquela época), os clubes “de segunda” podiam, em uma só temporada, subir e ainda lutar pelo título da primeira divisão. Isso se repetiu até 1983. Já em 1987, a primeira edição da Copa União reuniu no Módulo Verde, para a elite do futebol nacional, apenas os 16 maiores clubes do país.
Naquele ano, a CBF determinou que o campeão e o vice desse torneio enfrentassem os dois primeiros do Módulo Amarelo, a segundona. Flamengo e Inter, campeão e vice do Módulo Verde, se recusaram. Dessa forma, Sport e Guarani disputaram sozinhos a fase final e o Sport foi nomeado pela CBF campeão nacional, indo até para a Libertadores no ano seguinte.
Na Copa João Havelange, nome do último Brasileirão organizado pelo Clube dos 13, o grupo de clubes fundadores da Copa União, tivemos o caso raro de clube da terceira divisão (no caso, o Malutrom, do Paraná) com chances de ser o grande campeão nacional do ano 2000. Mas coube ao São Caetano, vice-campeão da Série B, um feito quase impossível: na fase final da própria Copa João Havelange, o Azulão foi tão bem que foi até a final da primeira divisão, perdendo para o Vasco.
A era dos pontos corridos
A partir de 2003, o Brasileirão decidiu se alinhar às principais ligas europeias e abandonou o formato “mata-mata” em sua fase decisiva. O campeão brasileiro seria o time que somasse mais pontos após a disputa de dois turnos, com todos os clubes jogando contra todos duas vezes. Em 2006, chegamos ao tamanho que a competição mantem até os dias atuais: 20 clubes, sendo quatro deles rebaixados para a Série B do ano seguinte (os quatro primeiros da segunda divisão sobem para a elite na próxima temporada).
A unificação das taças
Se o Brasileirão começou oficialmente em 1971, isso significa que o Pelé nunca foi campeão nacional? Mais ou menos. O Rei do Futebol fez parte do Santos cinco vezes campeão da Taça Brasil (entre 1961 e 1965), um torneio que reunia os campeões de cada estado, num formato parecido com o das primeiras edições da Copa do Brasil.
Para reparar esse “erro histórico”, a CBF decidiu unificar os títulos nacionais desde 1959. Por essa razão, o Bahia, campeão da Taça Brasil daquele ano, é considerado o primeiro campeão nacional da história. O Tricolor baiano venceu o Santos por 3 a 1 no Maracanã em jogo desempate (Pelé não jogou a terceira partida da decisão). O campeão precisou de apenas 14 jogos para chegar ao título.
Realizada até 1968, a Taça Brasil perdeu força em suas últimas duas edições, quando foi realizada em paralelo com outra competição nacional, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Por isso, na unificação feita em 2010, a CBF também declarou os ganhadores do chamado “Robertão” entre os anos de 1967 e 1970 campeões nacionais. Por essa razão, os torcedores do Palmeiras podem hoje dizer que “quem tem mais, tem dez” – o time alviverde ganhou duas Taças Brasil (1960 e 68), dois Robertões (1967 e 70) e seis Campeonatos Brasileiros (1972, 1973, 1993, 1994, 2016 e 2018).
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